Fontanário da Sé Velha de regresso às origens
O
abastecimento da água sempre foi uma preocupação para as populações. Até
finais do século passado, muita da população na Alta de Coimbra, ainda
se abastecia da água das fontes, pois a maior parte das casas antigas
não tinha água canalizada. No século XVI é construído um Chafariz no
adro da igreja, junto ao ângulo noroeste, onde anteriormente existia um
depósito provisório de águas. Assim, em 1573/74, o depósito é
transformado num chafariz de uma só bica, em cumprimento da ordenação em
carta régia de 7 de maio de 1573, de El-Rei D. Sebastião. Sete anos
passados, e tendo em conta a afluência de população à bica, o Chafariz
da Sé Velha foi beneficiado, passando a dispor de duas bicas. O Chafariz
era ladeado por dois brasões, que homenageavam os Bispos D. Jorge de
Almeida e D. Afonso Castelo-Branco.
A água do Chafariz era utilizada pela
população para as suas atividades do dia a dia. Não só para uso
doméstico, mas também para a rega de pequenas hortas/jardins existentes
no Centro Histórico.
Devido às várias queixas apresentadas
pelo mau estado de conservação do chafariz, surgindo a necessidade de
ampliação do depósito que abastecia a fonte e aproveitando o facto de
que a rua teria que ser alargada (quase para o dobro), a 18 de abril de
1863 as plantas de obras para o chafariz são aprovadas. As obras são
morosas, mas em maio de 1964 o chafariz é concluído: O chafariz foi
recuando, voltou a ter apenas uma bica.
Em 1934 inicia-se o desmonte da muralha
que circunda a Igreja da Sé Velha. O então Presidente da Junta de
Freguesia de Almedina comunica à Câmara, em janeiro desse ano, que os
Monumentos Nacionais estão a proceder à referida demolição. Assim, e
tendo em conta que a fonte em pedra irá desaparecer, solicita para que
esta seja montada num outro local do Largo, tendo em conta a importância
para o abastecimento e dia a dia da população. Caso não fosse possível
esta mudança, poderia colocar-se em sua substituição um marco
fontanário, semelhante àqueles que são colocados noutros locais da
cidade. Tendo sido encomendado à Fundição Alba (Albergaria-a-Velha)
alguns marcos fontanários para a cidade, um deles foi instalado no Largo
da Sé Velha. Diferente de todos os outros, o marco fontanário inclui
também um candeeiro, o que o torna uma peça impar na cidade. O
Presidente da Junta de Almedina agradeceu à Câmara, em agosto de 1934, a
colocação do marco fontanário no Largo da Sé Velha, que veio substituir
a velha fonte de pedra.
Este marco fontanário funcionou até à
década de 80 do século passado. Por essa altura, a Câmara Municipal,
ignorando as necessidades da população desta zona, desviou a água que
abastecia esta fonte e dirigiu-a para um pequeno lago que iria ser
inaugurado no Largo da Manutenção Militar.
Desde a década de 80 até ao ano de 2006 o
marco fontanário permaneceu no Largo da Sé velha, continuando a
funcionar apenas o seu candeeiro. Esporadicamente, sempre que decorria
uma atividade no Largo da Sé Velha que a isso o obrigasse, a parte do
fontanário era ativada, como por exemplo acontecia na Feira Medieval. Em
2006, devido a um acidente, o marco fontanário partiu-se e, após o
desaparecimento de uma das peças, a CMC recolheu o que restava.
A população não desistiu de voltar a ver
esta peça no Largo da Sé Velha. Após alguns abaixo-assinados, e do
contacto direto com os responsáveis pela cidade, ficou a promessa de o
marco fontanário voltar ao Largo da Sé Velha.
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