Especialistas de Coimbra apoiam candidatura, Rui Pato lamenta que FADO DE COIMBRA fique de fora
O investigador de Coimbra Jorge Cravo apoia incondicionalmente a
candidatura do fado a Património da Humanidade, enquanto o músico Rui
Pato lamenta a não inclusão do género coimbrão no projeto apresentado à
UNESCO.
“Espero que seja uma candidatura vencedora”, declarou hoje à agência
Lusa Jorge Cravo, estudioso do que designa por “canção de Coimbra”,
sobre a qual tem várias obras publicadas.
Para Jorge Cravo, o fado que se canta em Lisboa e a música associada
à tradição académica da Universidade de Coimbra, vulgarmente
denominada fado de Coimbra, “são dois géneros distintos”. “Só uma decisão politicamente incorreta é que levaria a que o fado não fosse património na UNESCO”, acrescentou.
Enquanto “cultor também de um género da tradição oral”, que é a
canção de Coimbra, “congratulo-me que o fado seja reconhecido como
Património da Humanidade”, disse.
Jorge Cravo apoia a integração da “canção de Coimbra”, enquanto
património imaterial, na candidatura que a Universidade de Coimbra já
formalizou junto da UNESCO.
Sobre a ideia de integrar o fado dos estudantes na candidatura
apresentada por Lisboa, o investigador de Coimbra disse que “isso seria
subalternizá-lo e fazer dele um apêndice do fado de Lisboa”.
Também o médico Rui Pato, que muitas vezes acompanhou à viola o
cantor José Afonso, manifestou hoje “uma opinião muito favorável” à
aprovação da candidatura do fado a Património da Humanidade.
“Isso é importante para uma das formas mais importantes da música de
expressão portuguesa, que é o fado. Mas vejo o fado de um modo mais
extensivo”, disse.
Rui Pato tem “muita pena que o fado de Coimbra não esteja abrangido
também por aquilo que a candidatura” de Lisboa “pode vir a trazer de
positivo”.
O antigo companheiro do autor de “Grândola Vila Morena” disse “estar
convencido de que esta candidatura do fado que está a ser apreciada
vai vingar”.
No entanto, lamentou que “esta fatia importante do fado, que é o de
expressão coimbrã”, não tenha sido incluída na candidatura
protagonizada por Lisboa, “para que possa ser mais estudado, mais
divulgado e mais incentivado”.
A candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade foi
apresentada pela Câmara Municipal de Lisboa, através da EGEAC/Museu do
Fado, em junho de 2010, e vai ser votada no VI Comité
Inter-Governamental da Convenção da UNESCO, a Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, que decorre em Bali, na
Indonésia, até dia 29.
Publicado pela LUSA
em Nov 25 2011
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